ARTIGO CEL AMAURI | A CANALHICE DA INVERDADE
Antes de iniciar os trabalhos, a comissão deveria ter lido (ou, pelo menos, folheado) os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, primorosa obra da Imprensa Oficial de Minas Gerais, onde há relatos de postura independente, ainda que sob pressão da coroa portuguesa. Uma questão de caráter, de personalidade. Isso, há mais de duzentos anos!
Na comissão, a presença de paus mandados que, insidiosamente, divulgam mensagens subliminares de ideologia partidária. Ora, é uma canalhice, uma cretinice, uma aberração a tal CNV prescrever recomendações semelhantes (iguais?) às constantes do Relatório Político do PT, recentemente divulgado, ensejando o paradoxo de a comissão da verdade mentir. Assim, “a atribuição de caráter militar às policias militares estaduais, bem como sua vinculação às Forças Armadas, emanou de legislação da ditadura militar, que restou inalterada na estruturação da atividade de segurança publica fixada na Constituição brasileira de 1988”. Uma inverdade, pois, ao contrário, a legislação da época retirou poderes bélicos da força pública (que estava a serviço de governadores), tornando-a plena força de defesa da sociedade. Além do mais, os acontecimentos de julho/2013 corroboraram a conveniência do caráter militar da força estadual, que atua até a fase de grave perturbação da ordem social. A partir daí, se configurado o quadro de perturbação da ordem nacional, as ações serão conduzidas pela força federal, com o auxílio das forças militares estaduais (Art.144, § 6º – CF).
Restou claro que os doutos-espertinhos da CNV nada entendem de defesa social e de defesa nacional. Ou, o que é pior, intencional e insidiosamente querem enfraquecer, desestabilizar a instituição polícia militar, porém, o alvo é a destruição do atual sistema de defesa nacional.
Mais ainda, os signatários querem a “unificação das forças de segurança estaduais”. Assinaram sem ler ou sem conhecer o que assinaram! As instituições-força estadual são a Polícia Militar (podiam ter proposto mudar esse péssimo cognome) e o Corpo de Bombeiros. O que os radicais de esquerda querem com unificar as forças de segurança? Que é isso? Juntar as polícias administrativas (dezenas), a força estadual, a polícia judiciária, o corpo de bombeiros, a polícia penal, a defesa civil? É, aí tem coisa!… Enquanto o avanço tecnológico mundial sugere especializações, especificidades, desconcentração, diversificação, os retrógrados voltam a advogar a anacrônica fusão, unificação.
E ao fim: “torna-se necessário, portanto, promover as mudanças constitucionais e legais que assegurem a desvinculação das policias militares estaduais das Forças Armadas e que acarretem a plena desmilitarização desses corpos policiais, com a perspectiva de sua unificação em cada estado”. Ratifica-se, os embusteiros, charlatões, pérfidos, que dominaram a CNV, querem usá-la, também, para enfraquecer a estratégia de defesa nacional, cortando o vínculo das forças estaduais com as forças federais.
Ora, é esse vínculo que permite, a essas últimas, conhecer e eventualmente até atuar na faixa de trespasse do quadro de grave perturbação da ordem social para perturbação da ordem nacional.
Ao final, se questionados, alguns membros papagaiocratas saberiam explicar, exatamente, o que entendem por desmilitarização? E os bem intencionados (se os houver, omitiram-se) da CNV não perceberam que foram manipulados, usados para terraplanagem do terreno, visando à implantação da polícia do partido?
Enfim, a força estadual garante a ordem social e a força federal garante a ordem nacional. O caráter militar é fundamental para exercício dessas patrióticas funções. Assim o é, embora sem o nome “militar”, em todos os países que têm forças de defesa social uniformizadas, hierarquizadas e disciplinadas.
Ações dissimuladas não estão sendo ações despercebidas!