ARTIGO CEL AMAURI | RETROSPECTO DA VIOLÊNCIA
O leitor, certamente, deve estar questionando: por que, todo início de ano, é sempre a mesma coisa? Por que essas ameaças sociais não são mitigadas? Por que o desejável ambiente de tranquilidade social (paz e harmonia) parece cada vez mais distante?
Reitero entendimento de que, antes de se constituir em um problema de gestão, é uma questão de administração. As políticas públicas, quase sempre, não apresentam concepções estratégicas, estabelecendo, apenas, procedimentos para controlar o problema, ao invés de fixar ações de identificação e combate às causas, visando a sua extinção ou redução paulatina. Falta efetividade!
Em relação aos programas de transferência de renda, como o bolsa-família, p.ex., pode-se dizer que alguma coisa, que deu certo em 2015, pode dar errado em 2016. Por quê? Em razão de cortes no orçamento! Ora, em lugar de cortes, não teria sido mais prudente uma auditoria rigorosa nesse programa, que, certamente, identificaria desvios, pois, bem se sabe, pode haver pessoas recebendo indevidamente esse benefício? Obviamente, menos fraudes, menos cortes! Por outro lado, convêm correções em fundamentos meramente assistencialistas. Que contrapartida de trabalho é cobrada de quem se beneficia desse New Deal tupiniquim?
Em relação à população em situação de rua e outros vulneráveis, que estão à margem do mercado de trabalho, objetivamente o que está sendo feito para realocar a parte sadia dessa mão-de-obra, que poderia melhorar o PIB? Ou para melhor assistir doentes físicos e mentais? A ênfase no acolhimento é boa, mas não é suficiente. Quanto à violência da criminalidade, há vários fatores (componentes, determinantes e condicionantes) que intervêm em sua eclosão. Não há dúvidas de que há certos ambientes, áreas, recintos mais propícios à ocorrência de delitos. E, lamentavelmente, a realidade fática tem mostrado, nesses locais, grande presença de jovens negros pobres, por falta de opções, de oportunidades nas áreas de educação, esporte, lazer e trabalho. E já há menores infratores que não integram quadrilhas, lideram bandos.
Examinando-se o trabalho policial, verifica-se que, em muitos países, a polícia ostensiva é chamada, na maioria dos casos, para solucionar conflitos. No Brasil, a polícia é chamada para, quase sempre, intervir em confrontos, quando ela própria não é a confrontada. Daí, a grande mortandade de ambos os lados. Além de persistir o equívoco de aumentar por aumentar o efetivo, em lugar de aparelhá-la adequadamente.
Quero crer que parte da população não sabe o significado de Ordem ou teima em não respeitá-la, ainda que integre nosso mais importante lema, inclusive inserido em nossa bandeira. Essa inobservância é incivilidade, é não saber viver em sociedade. Em decorrência, desrespeito, desobediência, desacato revestem ações delituosas, enquanto descaso, negligência, anacronismo revestem precários programas sociais. Resultado: violência, que gera insegurança!
Enfim, como corrigir essas distorções? De algumas formas, sendo a mais importante, sob minha óptica, via Educação, valorizando-se o educador e enfatizando-se a Ética e a Moral. Suas presenças, na sociedade, têm sido inversamente proporcionais aos elevados números dessa triste e trágica estatística, repetida a cada ano em nosso país.