MINAS AGORA TEM BOPE PARA ATUAÇÃO EM MISSÕES ESPECIAIS
A partir de agora, Minas Gerais tem um Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM). Conhecido em todo o país após o filme “Tropa de Elite”, do diretor José Padilha, mostrar a atuação da unidade no Rio de Janeiro, o grupo especializado ficou vinculado à truculência em operações de combate ao tráfico de drogas nos morros. O Bope mineiro já nasce diferente e será destinado especialmente para atuar em situações extremas: sequestros, assaltos a bancos, suspeitas de bomba e de terrorismo.
Segundo o chefe da sala de imprensa da PMMG, capitão Flávio Santiago, o Bope incorpora o que antes era o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), a elite da corporação do Estado e que já é preparada para ocorrências bem específicas. “O Gate é um grupamento que já trabalhava com operações especiais. Agora, há uma elevação dele para batalhão, o que pode trazer mais possibilidades de investimentos no futuro”, informou Santiago.
Neste primeiro momento, a PMMG não destinará recursos para o novo batalhão. Segundo a corporação, seus integrantes “já têm treinamento de vanguarda e equipamentos de primeira linha”.
A mudança, válida desde essa terça-feira (20), irá provocar, de imediato, a extinção dos núcleos do Gate nas cidades do interior do Estado, e os militares serão aproveitados no Bope ou nos batalhões das cidades de origem. Santiago acredita não haver prejuízo com o fim desses núcleos, pois, com a estrutura de dez aeronaves à disposição da corporação, os militares do Bope poderão, em até uma hora, atender ocorrência específica no interior.
Administração. Para o professor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Una e especialista em treinamento policial Jorge Tassi, quando há um batalhão, a autonomia administrativa é maior. “Nesse caso, se assegura que o comandante tem uma patente superior. Há um aumento na escala hierárquica e uma maior possibilidade de autonomia financeira, administrativa e de punições”, explicou o especialista.
Tassi avalia a iniciativa de maneira positiva, pois se trata de um comando de choque, de elite, que passa por muitos instrumentos de controle dentro da própria corporação. Um exemplo disso é o desempenho dos militares, que é avaliado de maneira frequente para que ele permaneça na tropa. “É super válido, é uma unidade extremamente especializada para demandas especializadas”, disse.
Efetivo
Alegando questão de segurança, a PMMG não divulgou o efetivo do Gate, que será o mesmo do novo batalhão. Atualmente, são 43 mil militares em serviço em todo o Estado.
Cursos
Para ser aceito no Bope-MG, os policiais precisam ter um exímio desempenho durante os cursos. Os que não atingem a média ficam aguardando outras avaliações. O treinamento tem a duração de três meses e acontece durante todo o ano.
Estrutura
A unidade tem três veículos blindados (os “caveirões”), equipamentos de visão noturna, armamento pesado, entre outros. A PM não informa em quantas operações os blindados foram usados.
Grade
No curso, eles passam por disciplinas de gerenciamento de crise, sobrevivência e atividade em meio rural, mananciais e matas, defesa pessoal, invasão tática e até pilotagem de aeronave.
Ações
Nos últimos 15 dias, de acordo com a PMMG, equipes do Gate foram responsáveis pelas apreensões de cinco armas de fogo usadas em caça clandestina e de 300 kg de explosivos pelo esquadrão antibombas. Um refém foi salvo pelo time tático nesse período. Por questão de segurança, a corporação não informa a quantidade de ocorrências do grupo. A sede do Gate, que será a do Bope, fica no bairro Santa Branca, na região da Pampulha.
Remuneração
Não há distinção salarial entre integrantes do Gate e os de outros batalhões. A entrada, no entanto, dependia de aptidão.
Origem
Conforme o capitão Flávio Santiago, não houve nenhuma demanda específica para originar o Bope MG. A ideia partiu de uma comissão interna da PM, que já discutia o assunto. A mudança é válida desde essa terça-feira (20), conforme a corporação.
“Não somos o Bope do Rio de Janeiro”, diz capitão de MG
No Rio de Janeiro, o Bope surgiu com um treinamento feito pelo Exército em 1974 para lidar com assaltos a bancos. Com o passar do tempo, isso se modificou, e sua atuação passou a ser intensificada nas favelas cariocas. O episódio mais famoso da história do batalhão é o assalto ao ônibus 174, em que, depois de cinco horas de negociação, o atirador de elite acertou uma refém ao tentar atirar no assaltante. Com o episódio, e principalmente após o longa-metragem de José Padilha, ele ficou associado a práticas violentas.
No caso de Minas, o chefe da sala de imprensa da PM, Flávio Santigo, fez questão de ressaltar que o uso de força pelo Bope é sempre o último recurso utilizado, que há treinamento em negociação e em avaliação de todos os riscos de uma situação antes de uso da força. “Não somos o Bope do Rio de Janeiro e também não vamos atuar em favelas. Aqui, temos equipes para isso, com treinamento para atuar em aglomerados, como o Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). O Bope é apenas para casos especiais, como bombas e terrorismo”, garantiu o militar.
Segundo o especialista em segurança pública Jorge Tassi, todos os policiais do Bope são especializados, direcionados a atividades de acordo com desempenho. Alguns focam volante, operações em água, tiro, negociação, bombas e primeiros socorros. O importante, segundo ele, é que cada equipe tenha profissionais com habilidades variadas.