

“A reforma da Previdência fere os direitos de todos os trabalhadores. Precisamos lutar para que ela não seja uma espada na cabeça do trabalhador”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Adalclaver Lopes (PMDB), ao abrir reunião para discutir a Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC 287/16), em tramitação na Câmara dos Deputados.
A discussão lotou o Salão Nobre e o Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira e mobilizou, além de 11 parlamentares federais, vários deputados estaduais, centrais sindicais e mais de 30 entidades representativas de diversas categorias de trabalhadores.
Fazendo coro aos protestos de entidades e movimentos sociais, o deputado Adalclever Lopes anunciou a criação da Comissão Extraordinária da Reforma da Previdência, que, segundo adiantou, irá percorrer várias regiões de Minas Gerais para discutir o assunto. Ele também pediu que os deputados federais mineiros marquem posição contrária à PEC 287.
O deputado Gilberto Abramo (PRB), que deve presidir a nova comissão, acrescentou que o objetivo do trabalho é também mobilizar os presidentes de outras Assembleias Legislativas para fortalecer a discussão e conscientizar os deputados federais sobre as consequências da aprovação da PEC 287. “Também queremos extrair propostas de quem não foi ouvido para as mudanças necessárias”, adiantou.
O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice-presidente da ALMG, endossou o colega, defendendo direitos constitucionais e a escuta de todos os afetados pela reforma da Previdência.
O requerimento que contém a moção é de iniciativa da deputada estadual Marília Campos (PT) e, após concluída a coleta de assinaturas, deverá ser protocolado e dirigido ao presidente da ALMG para encaminhamento.
A moção destaca que a PEC 287, “sem o necessário diálogo com a sociedade brasileira, desgasta direitos sociais duramente conquistados em 1988”. Em sua justificativa, o requerimento ressalta que não foram apresentadas provas para embasar a alegação do governo federal de que há rombos no caixa da Previdência.
É ressaltado, ainda, que “os direitos constitutivos da previdência social compõem, a par da saúde e da assistência social, o sistema da seguridade social, um dos capítulos nucleares da Constituição que permitiu denominar-se Cidadã”.
Entidades apontam risco de perda de direitos
Dirigentes sindicais como a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, frisaram que o Congresso Nacional não poderia empreender as mudanças pretendidas pela PEC 287. “Não elegemos uma Assembleia Constituinte para retirar direitos”, protestou.
A presidente da CUT-MG e diversos outros sindicalistas também criticaram a justificativa de déficit da Previdência e cobraram que o governo priorize ações como reforma tributária, auditoria da dívida pública e fim de isenções fiscais a segmentos específicos.
“O próprio governo adota mecanismos para desviar recursos da seguridade social para outros fins”, afirmou. Segundo ela, há estudos que comprovariam que a seguridade social do País é superavitária.
Também foi defendida por entidades e parte dos deputados presentes que os parlamentares federais votem contra a PEC em sua totalidade, sem apreciar emendas em separado. “Temos uma proposta impossível de ser emendada, porque em toda sua estrutura e essência ela retira direitos”, defendeu a representante da CUT.
“Essa reforma vai condenar boa parte do povo a morrer sem o acesso a direitos”, acrescentou a presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro-MG), Valéria Morato Gonçalvez, referindo-se a exigências como idade mínima de 65 anos e 49 anos de contribuição para se ter direito a aposentadoria integral, conforme prevê a PEC 287. “Isso é o mesmo que acabar com a aposentadoria do professor de educação básica”, criticou.
Fonte: ALMG