AOPMBM ENTREVISTA – VEREADOR CEL PICCININI

Em 1983, quando Capitão, fui transferido para Belo Horizonte, classificado no Batalhão de Polícia de Choque. Nessa Unidade Escol de nossa PM, chamada hoje de Batalhão de Eventos, porem sem nunca perder a sua garra choqueana, fui Subcomandante e Comandante. De 93 ao início de 96, fui o Comandante do Policiamento da Capital, à época abrangendo toda a RMBH. Nessa função passei para a Reserva Altiva de nossa Força Pública. Sou também bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora.

AOPMBM – Enquanto Vereador, quais são suas principais ações e prioridades para a Capital Mineira?

Cel Piccinini: Nossa candidatura a Vereador por Belo Horizonte, nas últimas eleições municipais, teve o seu conteúdo programático fundado em quatro pilares: Educação, Acessibilidade, Saúde e Cidadania, todos voltados para a questão da Segurança Pública, que é a nossa vocação, no que tange as ações da Polícia Ostensiva de Manutenção da Ordem Pública. Por que esses quatro pilares e o que eles têm haver com a Segurança Pública, passo a explicar. Primeiro o ente público município detém em sua capacidade legislativa muito pouco do que influenciar na estrutura legal da Defesa Social. As leis são feitas na esfera federal e, para os cidadãos, as políticas de segurança pública são gestadas e colocadas em prática na esfera estadual.

Porém, por definição constitucional, compete ao município a responsabilidade pela educação materno infantil e nas séries do ensino básico. No nosso entendimento, respaldado por essa explosão de violência criminal envolvendo crianças e adolescentes, a forma de enfrentarmos o problema é evitando que crianças e jovens sejam cooptados pelo crime. Uma educação de qualidade, como as UMEIs em Belo Horizonte é, em médio prazo, a maneira mais inteligente de conseguir-se isso. Acessibilidade também é segurança pública. Uma metrópole, para garantir o direito de ir-e-vir dos cidadãos, necessita olhar como muito carinho esse aspecto. As condições de deslocamento populacional quer para o trabalho, quer para o lazer, influenciando na qualidade de vida das comunidades, traz consigo mais harmonia e paz, diminuindo os conflitos. Isso também é segurança. A saúde pública, uma das atividades essenciais do estado moderno, é base para se construir tudo na vida. Ela influencia diretamente na formação de valores que vão repercutir na cidadania. O amparo que ela propicia, influencia diretamente no sentimento subjetivo de estar ou não seguro. O seu provimento também é de responsabilidade do município. Finalmente, a questão da cidadania. Um dos seus aspectos está na construção de uma cidade boa de viver e criar família. Para tanto, atividades que visem melhor urbanização dos espaços públicos, praças, jardins, iluminação adequada, piso de ruas, limpeza pública, silêncio para o repouso noturno, apoio as atividades da polícia e dos bombeiros militares e uma série de outras, onde a influência do ente público município é muito grande. Nesse período de um ano e quatro meses de mandato, fizemos 51 reuniões com comunidades, interagindo também com a Polícia Militar na melhoria do provimento da segurança dessas populações. De nossa autoria, brotaram 18 Projetos de Lei, sempre envolvendo temas que afetam a segurança das pessoas, a partir da melhoria das relações entre elas e o que a cidade lhes disponibiliza.

Também, como Vereador e como Presidente do Clube dos Oficiais, usamos dessa nossa representatividade na classe, para, em contato com autoridades públicas municipais e nas nossas Corporações, encaminharmos os legítimos pleitos dos nossos militares, sempre que estejam no nosso alcance.

AOPMBM – Quais medidas a Câmara Municipal vêm adotando para que Belo Horizonte possa se destacar dentre as demais ciades-sede da Copa do Mundo?

Cel Piccinini: Apesar das manifestações contra o chamado “padrão Fifa”, exigido para a realização de uma Copa do Mundo, face as reais carências em saúde, educação, segurança, habitação, etc, do nosso povo, onde em várias o viés ideológico é sempre presente, acho que elas chegaram de maneira intempestiva. Explico. Seriam muito mais oportunas, surtiriam efetivos efeitos, se tivessem acontecido quando o Ex Presidente Lula, com ares de grande estadista, se empenhou para que esse importante evento esportivo fosse realizado no Brasil. Sem esse ufanismo desnecessário não teríamos Copa e, portanto estaríamos livres dos seus gastos. Por um motivo ou outro Isso não aconteceu. Seguiu-se então, a exemplo de outros projetos de obras públicas, uma verdadeira farra com o dinheiro do contribuinte, na certa em muitas ocasiões desviado pelos meandros da corrupção, nódoa que mancha a nossa reputação de brasileiros e nos enoja, bancada principalmente nos bastidores do Governo Federal.

Em Belo Horizonte, apesar de todos os percalços, atrasos em obras e outros mais, a seriedade foi a principal marca das atividades de urbanização pró Copa do Mundo. Como herança dela, ganhamos em termos de acessibilidade e mobilidade urbana, com novas vias de tráfego e o BRT Move, em termos de novos hotéis e hospitais, esses últimos bancados por iniciativas privadas. Para que isso se tornasse realidade, o apoio da Câmara ao nosso Prefeito Márcio Lacerda, a partir do seu partido o PSB, que também é o nosso partido, foi de fundamental importância para garantir-lhe a necessária governabilidade com a aprovação de seus projetos.

AOPMBM – Qual é a importância dos militares estaduais terem representações políticas nas Casas Legislativas?

Cel Piccinini: Essa pergunta é oportuna e até mesmo necessária, considerando o atual cenário político-social pelo qual vivemos. Numa democracia, o início da busca pelo bem estar social inicia-se pela estruturação de um arcabouço legal, que nasce justamente de nossas representações político-legislativas. Sem nos descurarmos do interesse geral, que deve sempre nortear as ações de um homem público, no nosso caso de operadores da Segurança Pública, não podemos esquecer as conquistas e as fundamentações para o exercício de nossa profissão têm origens e são influenciadas nas leis, que nascem justamente nessas Casas. Portanto, somente com uma representação política influente, que conheça os meandros e as necessidades de nossa profissão, teremos aumentadas nossas chances de sucesso na condução de nossos destinos, enquanto classe. Então essas representações são extremamente importantes, para não dizer imprescindíveis.

AOPMBM – Qual o entendimento do PSB quanto a PEC 51, que trata da desmilitarização das Corporações Militares Estaduais, em tramitação no Senado Federal.

Cel Piccinini: Primeiro, no nosso entendimento, as motivações inconfessas dessa PEC 51 soam mais como os clarins ideológicos de alguns partidos e políticos, que de certa forma querem exercer uma vingança sobre os militares, a quem culpam, sem distinção personalística, pela imposição de um regime de exceção ao Brasil, abordando apenas as mazelas do período. Ao contrário do que afirmam, principalmente na Força Pública Mineira, o adjetivo militar adere apenas a nossa questão de hierarquia e disciplina. Por outro lado, a nosso doutrina de emprego, é totalmente a de uma força pública de caráter voltado para atender aos anseios da sociedade, tanto no que diz respeito a questões de polícia quanto as de bombeiros. Somos a primeira linha de defesa, a mais deburocratizada presença do estado, ao lado da sociedade, protegendo-a e socorrendo-a no combate a criminalidade ou nas ações de busca e salvamento.

Falar pelo PSB como um todo, é muito difícil. Mas, um dos nossos principais quadros, o Prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, já manifestou a sua opinião contrária a essa proposta de desmilitarização das Corporações Militares Estaduais. Saindo da teoria para a prática, cargos importantes de sua administração são ocupados por militares estaduais já na Reserva Altiva de suas respectivas Corporações.

AOPMBM – Uma mensagem final para os sócios da Associação.

Cel Piccinini: Uma palavra só, União. União em torno de nossos objetivos comuns, deixando de lado os interesses pessoais, entendendo que somente cuidando dos interesses gerais da Classe, poderemos nos fortalecer e termos representações políticas fortes, capazes de influenciarem no nosso destino. Encerro com os meus cumprimentos a AOPMBM, pela gestão, na esfera de sua competência, dos interesses dos militares que ela representa e da classe como um todo.

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