RUMOS PERIGOSOS

Após dez dias de protestos generalizados, cujos pressupostos são absolutamente legítimos, talvez seja a hora de se discutir a legalidade da forma e do formato com que estão ocorrendo. Já é possível identificar três grupos distintos: os manifestantes, que têm reivindicações específicas, claras, de interesse social, clamam e agem pela não violência, não querem confrontos, não têm medo de defender seus propósitos e, por isso, não cobrem o rosto, “mostram sua cara”; os radicais, que divergem da maioria, alguns mascarados, agem mais por emoção e menos pela razão, não percebem que têm o ego inflado intencionalmente por arruaceiros profissionais já infiltrados, cujo insidioso objetivo é transformá-los em massa de manobra, conforme a cartilha fascista; e os marginais, os criminosos, os de rosto tapado, conduzindo barras de ferro, pedras, coquetéis molotov, que, inicialmente, foram chamados de vândalos, porque havia pressuposto de ação ideológica. Contudo, estamos vendo, ao vivo e a cores, a formação e as ações de quadrilhas, cometendo atos criminosos de saque e depredação, na esteira de movimento legítimo de nossa juventude sadia.

Constata-se, ainda, que essas manifestações não são um movimento de representação popular universal, pois, em sua maioria, é a classe média, através de seus jovens, manifestando-se. E, quando as justas reivindicações dos demais estratos chegarem, como será seu controle, a garantia do direito de ir e vir e do patrimônio público e privado, inclusive dos hoje manifestantes?

Esses novos rumos preocupam!…

A “mensagem das ruas” já foi assimilada por nossos políticos e autoridades. Para evitar a banalização e a deterioração desse histórico momento democrático, convém que manifestantes realizem um retraimento, um recuo estratégico, marcar um prazo para cobranças. Após, se necessário, que voltem às ruas.

(*) Coronel Reformado da PMMG
Ex-Comandante da RMBH

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