EDITORIAL DO PRESIDENTE: TODO DIA UM PM SERÁ MORTO, ATÉ QUANDO?

A Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (AOPMBM) vem a público externar sua indignação no que tange à segurança pública em Minas e no Brasil, especialmente quanto às mortes de policiais militares.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), do qual a AOPMBM é parceira, no ano passado foram quase 62 mil mortes violentas registradas em território nacional. São sete pessoas assassinadas por hora, quase 30 por 100 mil habitantes.

Tais informações já não são novidades para muitos, haja vista que durante visitas da comitiva da AOPMBM aos quarteis, nesses últimos dois anos de gestão, antecipou-se esse cenário desastroso.

Vivemos uma guerra não declarada, conforme fala do jornalista Alexandre Garcia. No Brasil mata-se mais que numa guerra civil na Síria – vítima de grupos terroristas e de um governo compulsivamente homicida. Desde o início do conflito Sírio, que completa mais de seis anos, foram cerca de 321 mil mortos, incluindo soldados e insurgentes. Os realmente civis, como os mortos aqui no Brasil, somam 91 mil. Uma barbaridade? Sim, uma barbaridade sem tamanho.

A taxa nacional de mortos brasileira é uma das mais altas do mundo, o que corresponde a 42,8 vezes o que se mata na Alemanha; 7,4 vezes nos Estados Unidos ou 99,6 vezes no Japão. Vale lembrar que, no Japão, armas são proibidas, incluindo as brancas. Permite-se apenas posse de armas de ar comprimido e de caça. Ainda assim, sob rigoroso controle.

Outra grave realidade é o número de policiais civis e militares vítimas de homicídio, que aumentou 17,5% em 2016. Foram 437 irmãos de farda covardemente assassinados e 437 famílias consumidas pela dor e revolta. Ou seja, todo dia um PM será morto, até quando?

Recentemente, dois militares do Rio de Janeiro – Coronel Teixeira e Cabo Verissimo – foram vitimados por criminosos em uma guerra urbana encastelada nos locais de maior miséria do Estado, onde minorias armadas, beneficiadas pela omissão do Poder Público, exercem o domínio do crime.

Tais episódios nos levam a algumas reflexões e indagações, cujas respostas não confortam a dor da perda de nossos companheiros, mas nos oferecem algumas comprovações. Nosso clamor por melhorias na segurança pública nunca foi tão necessário. Sofremos ano após ano uma redução nos investimentos por parte da União, Estados e Municípios. E o resultado, vivenciamos nas ruas, onde caminhamos com medo de sair de casa e não voltar.

O país carece de políticas eficientes e eficazes, que promovam resultados satisfatórios no combate à violência. Precisamos investir nas nossas Polícias Militares, que veem crescer o número de crimes violentos e sofre na pele o abandono das autoridades competentes no trato com a segurança pública.

Outrossim, não esqueçamos que o reconhecimento e valorização do militar estadual deve ser pauta constante junto à governança, especialmente na remuneração digna e justa, fim do parcelamento salarial e reposição inflacionária.

Apesar do cenário preocupante e ameaçador às garantias já conquistadas, a PMMG e CBMMG deram mostras da capacidade de reduzir a violência e criminalidade e, assim sendo, esperamos um gesto mais robusto e concreto do Governo em atenção aos valorosos milicianos de Tiradentes.

Não vamos assistir a tantas mortes de braços cruzados.

Chega! Queremos um ambiente justo e solidário!

Coronel PM Ailton Cirilo da Silva

Presidente da AOPMBM

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