Artigo Cel Klinger: Reputação constrói-se na ação

Rastreando a Verdade(LXXV)

REPUTAÇÃO→Constrói-se na Ação

Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.” – Epicuro

Reputação – fama, celebridade, renome… – é construída ao longo da travessia humana. Normalmente, uma construção gradual – tijolo a tijolo – uma sequência de atitudes diante dos fatos da vida: lutas, feitos, reveses… Pode ser boa ou má. Sua intensidade acompanha o indivíduo em vida e, às vezes, persiste na memória.

A geração de jovens dos anos 30/40/50/60 guarda na memória a fama tenebrosa de Lampião, Zé Muniz, Sete Dedos, Bandido da Luz Vermelha. Foram eles facínoras audaciosos que desafiaram as leis e os costumes. Inquietaram, assaltaram, mataram, trucidaram… Má reputação! Contudo, há o reverso. Ou seja, a memória de grandes vultos da política, letras, magistratura, polícia: Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, Milton Campos, Carlos Drummond de Andrade, Nelson Hungria, Guimarães Rosa, Delegado Luiz Soares da Rocha, Cel. Pedro Ferreira dos Santos… Boa reputação!

Nesta abordagem, o que nos interessa, por constituir-se em fator fundamental da ascensão da alma, é a Boa Reputação.

A todo Ser Humano, quando alcança seu despertar de consciência, mormente da infância à adolescência, seria útil conhecer um pensamento de Gibran Kalil Gibran, ou seja, as “sete vezes” em que ele desprezou sua alma: 1ª) Quando a viu disfarçar-se em humildade para alcançar a grandeza; 2ª) Quando a viu coxear na presença dos coxos; 3ª) Quando lhe deram a escolher entre o fácil e o difícil, e ela escolheu o fácil; 4ª) Quando praticou um mal, e consolou-se com o fato de que outros também praticam o mesmo mal; 5ª) Quando se humilhou por covardia, e atribuiu sua paciência à fortaleza; 6ª) Quando desprezou a fealdade de uma face que não era senão uma de suas próprias máscaras; 7ª) Quando considerou uma virtude elogiar e glorificar os potentados.

Lida, assimilada e internalizada a metáfora gibraniana, o recipiendário certamente imporá valores positivos em sua caminhada. Repudiará o egoísmo – “tudo meu, sou o maior, o mais inteligente, o privilegiado…” – o que lhe facilitará evitar as ciladas das facilidades, o ganho fácil, a recompensa ilusória.

Viver é lutar. Seguir em frente. Para o alto. Mas solidário aos caminhantes; estender-lhes as mãos. Avançar, olhando-se, a cada passo, interiormente: Estou alinhado à força regente do universo? Hipocrisia, cinismo, intolerância, covardia, cobiça e aulicismo inserem-se em meu caráter?  Como erradicar minhas fraquezas?

O Mestre Cristo, que nos legou lições de vida, alerta-nos: Orai e Vigiai. Sim, o viver, sintonizado na infinita grandeza do Amor, é “Oração em Ação”, mormente na resposta aos grandes desafios, na irrupção aos obstáculos. Porém, como ainda somos imperfeitos que buscam, as tentações estão sempre presentes e insinuantes; em decorrência, a vigilância que enseja detectar o desvio, para realinhar-se.

As potências da alma – Pensamento, Livre-Arbítrio e Vontade – inerentes ao humano, permitem-lhe definir o que ele incorporará à sua trajetória cósmica: Má Reputação ou Boa Reputação. Esta, evolução. Aquela, involução.

Klinger Sobreira de Almeida, é Coronel Reformado da PMMG e Presidente da Academia de Letras João Guimarães Rosa

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