Artigo Cel Klinger: Rastreamento da Verdade (XCVI) IRA → Trilha do Caos

“Deixa a ira, e abandona o furor, não te indignes para fazer o mal.” Sl 37:8

No quadro da geografia psíquica do Ser, as emoções constituem o balizador das atitudes nos relacionamentos e diante de todas às circunstâncias ao longo da travessia.

Em linguagem metafórica, diríamos que as emoções, no amplo espectro dos sentimentos, são “bússolas” que podem indicar rumos certos ou caminhos equivocados.  Quem maneja a bússola e regula o azimute, buscando a rota desejada? O portador! Este definirá rumo e operacionalizará o instrumento. Se algo der errado, a rota se perde.

As emoções existem para a dinâmica dos sentimentos. Regula-os em conformidade aos caminhos desejados pelo homem. Este é o senhor, o dono. Todos têm consciência dessa supremacia? Não! Muitos, ao invés de senhores, são dominados – autênticos escravos das emoções. Preferem, no império do livre-arbítrio, ceder. Autômatos, curvam-se ao turbilhão interior.

A Ira, nos primórdios da Igreja Católica, entrou na composição dos sete pecados capitais: Orgulho, Inveja, Avareza, Luxúria, Gula, Preguiça e…  Ira. Ou seja, segundo os teólogos, vícios matriciais que os cristãos deviam combater para evitar a perda da vida.

A Ira, sentimento inato (não há como extingui-lo!), quando emerge em voragem emocional, sem controle, pode causar grandes estragos, pois seus derivados têm o poder do ataque repentino, ou a permanência para engendrar o mal: mágoa, raiva, ódio, ressentimento, fúria, cólera, vingança… São variantes que desembocam, de imediato ou na preparação temporal e oportuna, em atos de ofensas morais ou físicas, perseguições, traições, injúrias, calúnias, difamações e até assassinatos.

Via de regra, e isto é inexorável, a Ira descontrolada, que pode atingir o “outro”, retorna em efeito boomerang. Os Irados sofrem o abandono dos bons; costumam cair em sérias dificuldades ou mesmo na miséria material e/ou moral; não raras vezes, a violência também os encontra; morrem cedo ou acabam na prisão…

Não havendo como extinguir o sentimento de Ira, cabe ao indivíduo manifestá-lo, sob controle, quando conveniente, em situações que exigem coragem, indignação… Por exemplo: a corrupção que se alastrou nas camadas dirigentes (políticos, empresários etc), exige a indignação do cidadão de bem; escrever, difundir protestos, participar de movimentos legais que exijam perda de mandato, modificação das leis casuístas…

Como controlar a Ira? Como utilizá-la tão somente para situações construtivas?

Primeiro, ter consciência de que é um frágil diante desse sentimento.

Segundo, entender seu efeito destrutivo.

Terceiro, saber de seu retorno nocivo e querer elevar-se.

Nesse tríplice entendimento, o Indivíduo Irado (alguns se gabam de “não levar desaforos”, “ser estopim curto”, “impiedoso na vingança” etc), deverá buscar os ambientes de calma, o convívio com a natureza; habituar-se a leituras amenas e instrutivas; dedicar um tempo a ouvir músicas suaves; evitar a agitação das rodas do álcool e outras drogas; selecionar um círculo de amizades que agregam no bem.

Em suma, vamos manejar a “bússola das emoções” para direcionar a travessia humana no rumo certo. Domar a IRA! Evitar a “Trilha do Caos”!

Klinger Sobreira de Almeida é Coronel Veterano da PMMG e Membro Academia de Letras João Guimarães Rosa

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