Artigo Cel Elaine Zanolla e Ten Cel Jussara Alvarenga – Janeiro Branco e Saúde Mental

***  Por Coronel Elaine Zanolla, psicóloga PMMG e Tenente Coronel Jussara Alvarenga, psiquiatra PMMG, associadas da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (AOPMBM)

 

No decorrer do ano, vários meses são designados com cores diferentes, chamando a atenção para a prevenção da saúde das pessoas. O primeiro mês do ano é dedicado a campanha Janeiro Branco, como um desdobramento da campanha Setembro Amarelo para prevenção do suicídio. Metaforicamente e culturalmente, o  mês de janeiro foi eleito, porque representa  uma época  de renovação de esperanças e projetos na vida das pessoas. O mês de janeiro está associado ao período em que as pessoas traçam novas metas e novos planos na busca de realização de desejos e melhoraria da qualidade de vida.

Os transtornos  mentais englobam quadros que podem ser leves e  transitórios, como uma reação depressiva breve até situações crônicas, e muitas vezes incapacitantes, como a demência e esquizofrenia.

De qualquer forma tem sido cada vez mais reconhecido que os transtornos mentais, além de serem uma grande fonte de sofrimento para seus portadores e familiares, provocam grande impacto na capacidade funcional e na sobrevida dos pacientes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), na década de 90, depressão, ingestão de álcool, transtorno bipolar e esquizofrenia, situavam-se em todo o mundo, entre as trinta principais causas de anos de vida perdidos por morte ou incapacitação. Os transtornos neuropsiquiátricos respondem por 22% de anos de vida perdidos nos países desenvolvidos. E em uma perspectiva futura, a depressão tenderá ser a principal causa de anos de vida perdidos nos países em desenvolvimento.

Há diversos estudos longitudinais revelando para um relação direta entre depressão e incapacidade. Também há evidências suficientes demonstrando que o tratamento da depressão melhora o status funcional dos pacientes.

Cerca de 450 milhões de pessoas no mundo inteiro sofrem com distúrbios mentais, de acordo com a OMS. Mas, há uma enorme lacuna entre aqueles que precisam de cuidados voltados para a saúde mental e aqueles que recebe os tratamentos necessários.

Pesquisas nessa área também constatam que durante guerras ou após desastres naturais, a proporção de pessoas com depressão ou ansiedade, frequentemente dobra ou triplica. Em situações extremas, toda uma população passa por experiências de aumento de ansiedade. É o que está sendo observado atualmente com a pandemia do COVID 19.  A quarentena, o luto, o medo  e as incertezas são fatores que podem desestabilizar o emocional das pessoas. A maioria supera tais quadros sozinhas ou com a ajuda de amigos e familiares. Mas, outros requerem cuidados especializados em saúde mental, como atendimento psiquiátrico e psicológico.

O estresse psicológico pode ser difícil de diagnosticar quando se manifesta por meio de dores físicas. Assim,  uma das tarefas dos profissionais de saúde mental é treinar outras pessoas da equipe de saúde para observar e identificar potenciais pacientes. Geralmente, são pessoas que se queixam de dores diversas, sem serem específicas, ou que retornam muitas vezes às consultas sem um diagnóstico correto. Esta seria uma das razões pelas quais é tão importante a integração dos cuidados de saúde mental a outras atividades médicas.

O que se propõe no Janeiro Branco  é  colocar em evidência a reflexão e discussão de aspectos relacionados ao estigma  da doença mental, assim como propostas de ações voltadas para a prevenção da saúde mental. Deste modo, os profissionais da área, principalmente os psiquiatras e psicólogos se envolvem com essa causa, estimulando as pessoas a refletirem sobre a qualidade de seus relacionamentos, emoções, pensamentos,  comportamentos, sofrimento psíquico e o auto conhecimento. Também oferecem informações, esclarecimentos e orientações sobre a psicopatologia, principalmente sobre doenças emocionais como a depressão, ansiedade e síndrome do pânico.

A discussão franca e aberta sobre tais temas propicia a desmistificação  da doença mental, mostrando a necessidade do apoio familiar e da sociedade. Muitas pessoas ainda sofrem de maneira solitária, com medo de buscar algum tipo de ajuda nessa área. Este medo decorre do fato de que essas doenças são interpretadas muitas vezes como fraqueza, preguiça ou incompetência.  Devido a esse tabu e preconceito em relação ao sofrimento mental, muitos deixam de ser cuidados e tratados de forma adequada e especializada.

É comum que a saúde mental esteja associada a ausência de doenças mentais. Mas, o conceito é muito mais amplo. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem os seus limites pessoais, e são conscientes que não se pode ser tudo e que também não é possível corresponder a todas as expectativas do outro. São capazes de vivenciar frustações e enfrentar os desafios e as adversidades próprias da vida cotidiana.

Os transtornos mentais apresentam sintomas  que  podem variar entre humor deprimido, insônia ou sono excessivo, alteração do apetite, ansiedade, irritabilidade, cansaço, fadiga, alteração de memória, prejuízo funcional, dificuldades de lidar com emoções e até mesmo ideias de suicídio. É fundamental  que quando a pessoa se percebe em sofrimento com algum desses sintomas, procure uma ajuda especializada.

Para essa assistência especializada a PMMG conta com a CLIPS –  Clínica de Psiquiatria no (HPM) Hospital da Polícia Militar, com profissionais  psiquiatras preparados para acolher e realizar intervenções terapêuticas  de urgência e ambulatorial.

Tanto a PMMG quanto o CBMMG possuem também  oficiais psicólogos em diversas unidades operacionais, administrativas, de formação e no HPM para o atendimento especializado na área.

O público militar e seus dependentes podem ainda contar com uma ampla rede de saúde mental conveniada pelo IPSM.

O convite para o mês de janeiro de 2021 é que  voltemos nossos olhares para nossa saúde mental, sem preconceitos e com muitas informações.

Quem cuida da mente cuida da vida.

 

Triênio 2019-2021

Coronel PM Ailton Cirilo

Coronel PM Rosângela Freitas

 

AOPMBM presente, cuidando de sua gente.

 

 

 

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