A CULPA É SÓ DA POLÍCIA? SERÁ?

Na realidade esta frase foi proferida pelo cantor após a escola de samba beija-flor sair vencedora do carnaval carioca deste ano e surgirem vários questionamentos sobre o patrocínio da referida agremiação que veio da Guiné Equatorial, um país pobre do continente Africano, governado com “mão de ferro” há mais de 34 anos pelo ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, fato esse amplamente divulgado e questionado pela mídia:

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O cantor justificou de forma muito natural que “se não fosse a contravenção o carnaval carioca não estaria organizado e não seria um grande espetáculo”, ou seja, quis dizer que é isso mesmo e que não interessa de onde vem o recurso, o correto é ter um bom carnaval.

Trago esse tema ao debate para estimular a reflexão de como o ilícito permeia praticamente todas as atividades no Brasil e de forma muito natural, com o povo e até as autoridades em todos os níveis aceitando tal prática, pois não as ví tomando atitudes no sentido de apurar tais afirmações.

É exatamente aí que tem relação com a segurança pública. Ilícito é ilícito, seja ele de grande porte ou de pequeno porte (contravenção ou crime) e não pode haver justificativa para que se instale no país, sob qualquer pretexto, uma atividade marginal que para “organizar a atividade” tenha aceitação, isso não pode.

Como então as instituições policiais e seus integrantes podem ser cobradas por tudo de ruim que ocorre na segurança pública, quando há na sociedade uma cultura de que “os fins justificam os meios”. Esta sociedade deve entender que é exatamente assim que o crime organizado (mesmo os contraventores) se instala nas sociedades sem ser por ela incomodados. É assim que acabam aceitos, desde que satisfaça os interesses dessa sociedade.

Essa mesma sociedade, agindo assim, perde até o direito de cobrar da polícia uma atuação mais enérgica contra tudo isso. Não podem essas pessoas, sem mudar sua postura quanto aceitação de ilícitos, jogar nas costas das instituições policiais toda a responsabilidade para proporcionar uma segurança pública de qualidade, quando ela mesmo não consegue mudar sua cultura de não aceitar nenhum ilícito.

A Intenção não é retirar a responsabilidade da polícia pelos sérios problemas de segurança pública que os brasileiros enfrentam, no entanto, grande parcela dessa responsabilidade é da sociedade que deve mudar sua cultura de aceitar ilícitos quando lhe convém. O velho e conhecido “jeitinho brasileiro” tem que acabar e começa por todos nós.

Antes de cobrar e culpar a polícia por “tudo” o que ocorre de ruim com a segurança pública, se espera que os “Neguinhos” da Beija-Flor que existem por aí passem a não achar ser natural que recursos do ilícito (da contravenção, de ditaduras, etc) sejam utilizados “sem problemas” e sem maiores questionamentos, desde que sejam para “organizar uma atividade. Isso não pode em hipótese alguma.

Cel Marlon – Presidente da FENEME

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