FALTA CULHÃO
De início, constata-se que autoridades encarregadas da gestão mostram números reais, sem maquiagem, trazendo relativo e efêmero conforto. Isso é necessário, mas, não é suficiente! Afinal, estamos passando sufoco com essa triste realidade, que faz a vida ruim para uns e péssima para outros! Por quê? Porque um dos motivos da existência do Estado é o provimento da proteção da sociedade. E, nesse quesito, ele tem sido incompetente, por uma razão muito simples: há um conflito entre administração e gestão do problema. Os órgãos gestores da defesa social, técnicos, por mais que se empenhem, jamais conseguirão transformar seus esforços em recuo da violência, em redução da insegurança, porque faltam diretrizes efetivas de administradores, de políticos, de governantes. Começando pelas inexistentes políticas públicas para essa área, que deveriam ser elaboradas pelo inerte Conselho Estadual de Defesa Social, presidido pela omissa vice-governadoria. Ausentes, os três! Em seguida, deveria haver um plano geral de defesa social, desdobrado em planos multissetoriais específicos, dentre eles, o de mitigação da violência. Ali, minimamente, a definição de deveres, da operacionalização e da logística, a sincronia entre órgãos envolvidos, a sintonia nos três níveis e nas três esferas de governo, a sinergia dos órgãos (maior envolvimento das polícias administrativas). Em síntese, a violência tem causas, efeitos e ocorrências, sendo necessário atacá-la nessas frentes, simultaneamente. Devem ter prioridade ações voltadas para o menor em situação de risco (criar opções), para a população em situação de rua (torná-la produtiva), o tráfico de armas e de drogas (incrementar a inteligência policial), a educação (valorizar o educador e o assistente social), maior atenção com o sistema de execução penal administrativa (é uma vergonhosa derrota estatal o preso usar celular dentro dos presídios), resgatar a autoridade do Estado, na pessoa do agente público (antes, o cidadão respeitava a polícia e o bandido a temia. Hoje o bandido desafia o Estado. Inaceitável!). Não se propugna, ainda, pela pena de morte, redução da maioridade penal, lei de Talião, açoite, trabalho forçado (nem para o bandido, nem para o político incompetente) e, sim, mais inteligência, responsabilidade e, sobretudo, rigor no trato com a violência.
Enfim, para reduzir essa preocupante violência, é necessário que haja uma decisão política lastreada em culhão. Antes de nos tornarmos reféns da bandidagem, já éramos reféns da frouxidão de nossos governantes.