ARTIGO CEL AMAURI MEIRELES – EXEMPLOS INGLÓRIOS
Ultimamente, o aumento de incertezas, angústias, temores e afins mostra um quadro de desordem mundial, afetando o próprio conceito de sociedade.
Por influência do sentimento de pertencimento, há uma sensação (ou certeza?) de que a situação está mais grave em nosso país. A área política e a social estão passando por um processo de terrível turbulência. Na área econômica há uma relativa estabilidade, cuja tendência é sair desse desconforto, diante de bons números que vem conseguindo. Na área militar há uma incógnita, em razão dos perigosos rumos que a insegurança social vem tomando, podendo afetar a segurança nacional.
Constata-se que vários exemplos inglórios intervieram para que chegássemos a esse estágio, com destaque para os desmandos na área política e para a desorganização na área social.
Os desmandos estão na contramão da finalidade do Estado e dos objetivos a serem cumpridos por legisladores e gestores. Encarregados de criar e operacionalizar políticas públicas de Estado ou de sugerir e aprovar leis que visem ao bem comum, constata-se, inversamente, que uns optam pelo compadrio administrativo e outros, ao invés de leis objetivas, elaboram acordos, objetivando a atender interesses pessoais de sua sesmaria, gerando uma enxurrada de atos egocêntricos, que deslizam sobre o leito da corrupção, da concussão e da prevaricação.
A desorganização na área social pode ser vista na péssima performance dos índices de desenvolvimento humano e de desigualdade social brasileiros. A realidade é vista nas crises de moradia, pobreza, miséria, seguridade, alimentação, concentração de renda, remuneração, educação, transporte, saneamento, desemprego, desocupação, provocadas pelo funcionamento anômalo de órgãos públicos, em razão de ausência, insuficiência ou desvio de recursos públicos.
Condenáveis comportamentos vindos da área política têm funcionado como estímulo à desobediência às regras sociais e ao desrespeito aos valores sociais, deteriorando pilares como a civilidade, o civismo e a cidadania.
Não há sociedade que sobreviva nessas circunstâncias!…
Vejam-se os recentes e lamentáveis fatos ocorridos no Espírito Santo. Com a circunstancial ausência da polícia ostensiva nas ruas, indivíduos, até então tidos como cidadãos, protagonizaram cenas de saques e vandalismos. Um retrocesso em nosso processo civilizatório, sendo possível presumir-se (generalizando), que, no Brasil, a atual barreira entre a civilização e a barbárie é a força do Estado.
Estaríamos regredindo no quesito civilização?
Para sua retomada, há providências absolutamente prioritárias, como votar em indivíduos decentes, que sejam referências para purificação da classe política e, também, entender e valorizar a novel arquitetura de instituições como a família, igreja, escola, com destaque, em razão da desordem atual, a instituição-polícia.
Fundamentalmente, é necessário vencer um grande desafio: resgatar a ética e a moral na sociedade brasileira, fazendo renascer o desejável cidadão brasileiro.