ARTIGO CORONEL KLINGER SOBREIRA – INVERSÃO DE VALORES
“O perigo nos ronda!”
“Porque os soldados da Força Pública mineira vivem para Minas, morrem por Minas e, depois disso, ainda são conclamados para lembrar aos camaradas sobreviventes a viver para Minas e, como se deve, quando necessários, por Minas morrer.” – (Oração Cap. Méd. J. Guimarães Rosa, in fine, 27Mai33, inauguração Galeria de Retratos dos Mortos, Revolução 32, quartel do 9º BCM, em Barbacena).
Ontem, 10/06/17, vimos, na web, cena triste e lamentável. Miliciano tombado em via pública – Santa Margarida/MG. Fardado, fuzil ao lado, sangrava. Fora abatido pelo fogo de 8 (oito) assaltantes fortemente armados, que barbarizavam a cidade, tentando roubar duas agências bancárias (diminuto destacamento policial impediu!). Quadro constrangedor! Colegas desabafavam em vídeo: “ele hesitara em atirar primeiro, talvez receoso de consequências danosas à carreira se matasse um dos facínoras”. Os “Defensores dos Direitos dos Bandidos” massacrariam-no.
Hoje, pelo que acompanhamos, vigora uma estranha e hipócrita “Lei dos Marginais”: ao bandido, todas as prerrogativas; ao cidadão trabalhador, o direito de ser vítima; ao policial, o rigor e o rancor das mentes imbecis que, infelizmente, conseguiram se impor pela mentira e engodo iterativamente assoalhado.
Nesse contexto, um episódio relatado pela mídia há algumas semanas: Sargento fardado, numa madrugada, seguia para o serviço; abordado por dois assaltantes, reage e mata um; o outro foge. Ato subsequente: o policial é recolhido preso e desarmado. Deveria deixar-se dominar, ser morto ou correr? Estaria impedido, pelo costume imposto, de se defender ou atuar segundo o “estrito cumprimento do dever legal”?!
Tempore, Oh, Tempore!
Hodiernamente, pelo clamor que se ouve, o policial só atira em defesa de outrem ou própria, se alvejado. Um absurdo! Este estranho novo tempo ativa nossa lembrança, reporta nossa tela mental a 1978. Irmãos Piriás assolavam região de Sete Lagoas: roubos e assassinatos; dois policiais tombaram. A PM enviou um Destacamento de Capturas: pequeno em quantidade, mas grande em qualidade – seis praças comandadas pelo então Cap. Jurandir Marino. Na madrugada de 25Dez78, enfrentamento num ermo próximo à ferrovia. Da refrega, os dois facínoras mortos. Ações subsequentes imediatas: perícia in loco, lavratura do Auto de Resistência, inumação… Depois: alívio e reconhecimento da população, aplausos da imprensa; Promotor de Justiça considerou a ação legítima, Juiz de Direito despachou o arquivamento do inquérito. Os bravos policiais foram agraciados pelo Governo.
Hoje, essa heróica patrulha, seria, certamente, presa, desarmada e enxovalhada. Os delinquentes, se vivos, continuariam na sanha criminosa.
A sociedade obreira e silenciosa precisa reagir. Vide o exemplo do México, quando a cultura cínica se impôs: 47 estudantes, presos e entregues ao crime organizado, foram queimados vivos. É isto que queremos, cruel inversão de valores: sacralizando os bandidos e demonizando a Polícia?!
Atentemos, todos nós, para esse “maniqueísmo cego”.
(*) Ex-Chefe do Estado-Maior da PMMG