ARTIGO CEL MARLON JORGE – REFLEXÕES SOBRE A SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO
O Jornal O GLOBO do Rio de Janeiro publicou artigo denominado “INTELIGÊNCIA E INTEGRAÇÃO CONTRA O CRIME ORGANIZADO” do intitulado Cientista político, professor da USP – Universidade de São Paulo e colaborador do Centro de Liderança Pública, Leandro Piquet Carneiro falando sobre a importância de operações planejadas.
(Leia mais: https://oglobo.globo.com/rio/artigo-inteligencia-integracao-contra-crime-organizado-21675398 )
Como pode ser comprovado, alega o articulista de forma resumida que agora há integração com Inteligência pois “todos”: Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e as polícias Civil e Militar e por isso funcionou uma determinada operação que envolve roubos de cargas.
Também fala em “recuperar” as forças públicas estaduais, notadamente a Polícia Militar, dizendo que suas “pontas” (a base) que estão “corrompidas”, necessitam depuração dos “elementos corruptos” e que “demonstram inaceitável ineficiência”.
Diz o mesmo, ao final, que a atuação das “forças federais” deverá deixar um legado para “reconstrução das forças policiais estaduais”.
Diante disso me atrevo a transcorrer abaixo sobre o referido e indigesto (pelo menos para mim) artigo.
Pois bem, mais uma vez o tempo dirá quem tem razão.
Com certeza a razão não está com esse e demais articulistas que não percebem o momento nem a realidade.
O Rio de Janeiro está como está não por culpa das forças policiais, muito menos da Polícia Militar que foi particularmente mencionada e menosprezada e atacada de maneira veemente pelo já citado professor da USP.
Tudo é produto do meio, o governo, as autoridades, a mídia e setores do judiciário, Ministério Público e da própria sociedade, ou seja, tudo é consequência desse meio caótico que foi se instalando ao longo do tempo por múltiplos fatores extremamente complexos.
Isso não se resolve com o “estalar dos dedos”, somente com muita persistência, apoio total e reconhecimento às polícias estaduais, educação maciça do povo, e funcionamento do Judiciário e Ministério Público se encaminhará uma solução, não sejamos ingênuos.
Portanto só assim haverá esperança de uma mudança no médio e longo prazo. Jamais esperem algo no curto prazo, isso é algo impossível. Aliás basta analisar o que ocorreu, e está ocorrendo, com as tais UPP – Unidade de Polícia Pacificadora criadas como a resolução imediata de todos os problemas, onde a Polícia Militar foi “jogada” literalmente no interior de comunidades violentas e desestruturadas sem o apoio necessário e a presença das demais instâncias estatais para que a estratégia pudesse prosperar. O resultado está aí, como disse: caos quase total.
Num passado não muito distante também se ouvia muito essa “conversa” de “legado” da Copa do Mundo e principalmente das olimpíadas do Rio, onde a “integração” e atuação das policiais federais e das Forças Armadas, exatamente como ocorre agora resolveria tudo. A pergunta necessária que se faz: cadê o tal “legado”.
Tudo piorou, isso sim, ou alguém se atreve a contrariar tal afirmação?
Se os tais eventos serviram para alguma coisa foi descortinar a corrupção e a incompetência dos administradores públicos os quais, além de tudo, jogaram a própria sorte seus administrados cariocas, incluindo os funcionários públicos e toda a sociedade, principalmente a sua Polícia.
Triste realidade. E mais lamentável é verificar a grande mídia publicar artigos sobre o tema com informações truncadas e com falta de informações básicas, tentando assim criar verdades onde ela não existe.
Pior e mais triste ainda, é que passado a espetaculização e a pirotecnia inicial da presença de forças federais na segurança pública (sem entrar no mérito da legalidade e da oportunidade) tudo sobrará para a brava Polícia Militar que continuará, infelizmente, tingindo de vermelho com o sangue dos seus o solo do Rio de Janeiro, dando suas vidas anonimamente à sociedade sem o reconhecimento daqueles que deveriam fazê-lo todos os dias através de condições de trabalho e salários dignos e adequados.
Poderes legalmente constituídos, grande mídia e a sociedade, reflitam e construam e encaminhem soluções práticas antes de criticar por criticar.
Cel PMSC Marlon Jorge
Presidente da Feneme