Especialistas apontam necessidade de mudança cultural para redução de casos de feminicídio

O aumento dos casos de feminicídio preocupa a Comissão Mista de Combate à Violência contra a Mulher. O assunto foi debatido pelo colegiado em audiência pública nesta quarta-feira (2).

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de feminicídio no Brasil é a quinta maior do mundo, com uma média de 4,8 assassinatos para cada 100 mil mulheres.

A pesquisadora e professora da Universidade de Brasília (UnB) Lourdes Maria Bandeira afirmou que aspectos históricos e sociais contribuem para o atual cenário. “Nossa sociedade é tradicionalmente patriarcal, de origem escravocrata. A violência contra as mulheres é vista como naturalizada e banalizada, tornando-se algo que passa a ser quase permitido ao homem”, alertou.

Entre outros fatores, a gerente de projetos na área de enfrentamento à violência da ONU Mulheres, Aline Yamamoto, apontou a posse de armas como um agente de agravamento dos feminicídios. “O último estudo lançado pelo Atlas da Violência traz justamente esse olhar para o aumento de mulheres que foram assassinadas por arma de fogo dentro das residências, índice que cresceu nos últimos cinco anos quase 30%, enquanto fora de casa essas mortes não tiveram um crescimento tão relevante.”

Representante do Observatório da Mulher Contra a Violência do Senado, Henrique Marques Ribeiro disse que é preciso vencer três grandes desafios no combate à violência contra a mulher: qualificar os dados sobre feminicídios; combater aspectos culturais e educacionais relacionados a esse tipo de crime — já que muito dos crimes estão relacionados ao sentimento de posse dos homens em relação às mulheres —; e fazer políticas intersetoriais para atender potenciais vítimas.

Legislação
Segundo a senadora Leila Barros (PSB-DF), autora do requerimento para realização da audiência, é necessário haver uma união dos três Poderes, a fim de uma efetiva aplicação das leis de proteção à mulher. “Precisamos firmar um grande pacto para que realmente a legislação funcione. Hoje é esse o nosso maior gargalo.”

Também esteve presente no debate o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Macário.

 

Da Agência Câmara

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