Artigo Cel Klinger – Apesar da pandemia cruenta

APESAR DA PANDEMIA CRUENTA!!!

A Corrupção Persiste

Em entrevista à revista VEJA, 11Abr2012, em um dos questionamentos, o Presidente do STF, Ayres Brito, cita uma expressão do saudoso Ulisses Guimarães – “O cupim da República é a corrupção” – e complementa: “É o principal ponto de fragilidade do país. É pela corrupção que falta dinheiro para programas sociais de primeira grandeza como a moradia, o transporte, a assistência à infância e à adolescência. Combater a corrupção e o crime do colarinho-branco tem de ser a prioridade das prioridades…”

O estudo da história nos mostra que a corrupção vem desde o Brasil-Colônia. Aventureiros e degredados que aqui aportaram, nos séculos XVI a XVIII, almejavam, antes e acima de tudo, riquezas, não importando o modus operandi para a ascensão

1822, independência política! Emerge o Império que persiste até 1889, herdando os vícios da colônia: trabalho escravo, hegemonia dos grandes proprietários, conchavos no espectro político, incentivo ao ócio, marginalização dos desafortunados e corrupção.

15Nov889, Proclamação da República! Iniciado o regime, administradores probos impuseram um ritmo de desenvolvimento e repúdio às antigas práticas.  Durou pouco! No primeiro decênio do Séc. XX, voltava a prevalecer a politicagem dos “Coronéis” – os grandes proprietários. A cultura da corrupção reavivou, mas encontrou reação.

A Revolução de 1930 foi o grandioso momento. Ao mesmo tempo em que os desvios de conduta moral recebiam combate, a nação desenvolveu-se nos campos cívico-educacional, social e industrial. Essa desenvoltura continuou mesmo com o fim da era Vargas. Entretanto, a partir dos primórdios de 1960, crescia o rumor da volta da corrupção. Era voz corrente: “caixinha” de 3% a 5% nos maiores negócios.

A Revolução de 1964, com o rigor dos militares honestos, entrou firme no combate à corrupção, e esta, salvo pequenos deslizes, sumiu do cenário. Só reapareceu na retomada dos governos civis, em 1985. O ficcional Plano Cruzado e os sucessivos congelamentos/descongelamentos de preços serviram de pasto para seu ressurgimento em larga escala, bem acima da modesta “caixinha”.

Na década de 1990, tivemos o desmonte dos “Anões do Orçamento”, que constituíam a cúpula de um imenso lodaçal que não foi alcançado.  Cassação de alguns parlamentares, e a repressão serenou.

Em 2005, mais um escândalo: o Mensalão, cuja apuração, por interesses políticos, foi moderada, em que pesem efeitos repressivos de certa monta, graças à atuação de alguns magistrados do topo.

A partir desses ensaios de combate, a corrupção tornou-se furiosa. O tempo da “caixinha” de 3% a 5% configurara-se como lírico. O conluio tornou-se profundo e extenso – 30% a 50% para uma repartição ampla – o que acarretou o encarecimento de todas as obras públicas, e muitas se tornaram inacabadas. A fúria corruptiva adentrou nas fundações previdenciárias e estatais. Não teve limites.

A Lavajato – produto de abnegados membros do Ministério Público, Judiciário e Polícia Federal – eclodindo em 2014, ensejou um arraso no seio da corrupção. A nação viu o desafivelar das máscaras de políticos e empresários graúdos, que, na ânsia incontida de riquezas, assolavam os recursos públicos.  Prisões inimagináveis!

O povo, sofrido e espoliado pelas “gangues do colarinho branco”, passou a acreditar que a “corrupção”, sofrendo golpes inesperados, fracassara, e não mais se ergueria.  Ledo engano!

Março 2019! A pandemia do Covid-19, até hoje persistente, chegara. Povo e governos mobilizados. Legislação dinamiza-se para se enquadrar na situação de calamidade pública. Intensificaram-se as compras para socorro à população. Todos acreditavam que, nesse momento de colapso sanitário, nossos governantes, intermediários e empresários se conduziriam pela eficiência e probidade. No meio das ações solidárias não haveria espaço para a “corrupção”. Não foi o que aconteceu! Tremenda decepção!

Maio/2020! Ministério Público, Polícia e Justiça atuaram em diversos quadrantes do território. Os corruptos – ocupantes de cargos executivos (inclusive governadores, prefeitos e secretários), políticos e empresários – fizeram a festa. Escândalos nas compras de respiradores, medicamentos e outros instrumentos fundamentais, construção de hospitais de campanha etc. Secretários destituídos, funcionários afastados, governadores investigados (o do RJ preso).

Lamentável! Porém, o inacreditável acontece enquanto a corrupção reergue-se, apesar no sofrimento da população. Criou-se um movimento para destruir a Operação Lavajato. Não só destruí-la, mas também desacreditar os bravos membros do Ministério Público, Judiciário e Polícia, que tiveram a coragem de enfrentá-la, e encantuar os magnatas da podridão.

Impõe-se que a nação reaja. Não podemos assistir, passivamente, que os “vendilhões da pátria” pisoteiem a Lavajato e restaurem, impunemente, o Império da Corrupção. Não só! As forças sociais, trabalhistas, corporativas, políticas e produtivas devem se unir para estabelecer um eixo moral na condução do país, que o leve, a médio prazo, à erradicação plena e total dessa herança cultural de corrupção.

Atentemos para o alerta do insigne Ministro Ayres Brito e o aviso do saudoso Ulisses Guimarães: O CUPIM DA REPÚBLICA É A CORRUPÇÃO. Vamos, juntos, erradicar esse Cancro Gangrenoso.

 

Klinger Sobreira de Almeida – Militar Veterano

Efetivo-Fundador da Academia de Letras João Guimarães Rosa/PMMG

 

 

Triênio 2019-2021

Coronel PM Ailton Cirilo

Coronel PM Rosângela Freitas

 

AOPMBM presente, cuidando de sua gente. 

 

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