Artigo Coronel PM Klinger – Insensatez, Via do Sinistro

INSENSATEZ → Via do Sinistro

Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção de 3(três) meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave” (CPB, Art. 132).

Sensata é a pessoa que tem juízo equilibrado; que pensa e age com cautela, prudência e previdência.

O insensato, como o cotidiano nos demonstra, sofre, via de regra, as consequências de suas atitudes imprevidentes. Às vezes, um dano pessoal; porém, conforme o caso, sua insensatez pode alcançar inocentes, ou provocar danos coletivos.

Exemplificando situações rotineiras de insensatez: (1) atropelado ao atravessar um sinal vermelho; (2) celular subtraído por usá-lo ostensivamente em local de grande aglomeração; (3) dirigindo sem observância das regras de trânsito tem o veículo destruído, lesiona-se, ou morre, ou provoca catástrofes; (4) trabalhador que despreza os EPI cai do andaime e morre;  (5) policial  corajoso que adentra homizio de delinquente sem observância das técnicas/táticas de abordagem, e é metralhado; (6) nadador de piscina que resolve demonstrar habilidades no mar, sendo tragado pelas ondas etc.

A insensatez toma dimensões perigosas, e consequências mais nefastas, quando constitui apanágio de quem chefia, ou lidera, conduz ou motiva grupo de pessoas.

Nas histórias das guerras/revoluções, inclusive no Brasil, tivemos situações em que a insensatez de comandantes levou ao quase extermínio de toda sua tropa. Em algumas empresas, por avidez de lucros exorbitantes, desprezam-se as normas de segurança, colocando em risco a vida ou a integridade física dos trabalhadores.

Quando comandei a Academia de Polícia Militar – 1985/86 – fiz um convênio com 4ª DE/EB, e todo efetivo de Cadetes passou pelo curso de Escalador de Montanha, no 11º BI/São João del-Rei. Situações de risco enfrentadas; porém, o que nos causava admiração, eram as rígidas regras de segurança adotadas pelos instrutores (oficiais e sargentos); não havia margem ou possibilidades de acidente, como nunca ocorreu.

Estas ligeiras reflexões me vêm à mente em face de uma ocorrência recente (05Jan22), época em que fortes tempestades com ventania e raios assolavam o Sudeste. O Corpo de Bombeiros de São Paulo, por volta das 02h00 da madrugada foi mobilizado para uma complexa e arriscada operação noturna, a fim de resgatar 32 turistas e o Coach Marçal (que os levara) no alto do Pico dos Marins, um dos pontos mais altos de São Paulo, com uma trilha complexa e histórico de mortes.

No topo da serra, em meio de frio intenso, tempestade e ventos violentos destruíram as barracas, deixando-os em perigo de vida. Não fora a operação, que durou quase nove horas, as consequências teriam sido graves, inclusive morte por hipotermia.

O insensato Coach, que motivou, mediante remuneração, a aventura de um “grupo sem conhecimento técnico, sem suporte adequado, sem estrutura”, após salvo, revelou-se, segundo a imprensa (G1.Globo.com/sp – 08/01/22), um cínico fanfarrão; ao invés de arrepender-se e agradecer a intervenção salvadora, minimizou o episódio, chegando a dizer que o pedido aos bombeiros fora uma mera precaução. Incidindo o Art. 132, supracitado, tornou-se passível de processo criminal.

A insensatez, sem dúvida, é a via indesejável do perigo em todas suas nuances.

A sensatez deve ser objetivo de vida. É importante que o processo educacional – nas famílias, nos educandários, nos quartéis, nas empresas… – insira o treinamento em modelos de conduta equilibrada, prudente, cautelosa e previdente em todas as situações. Mas não só! Impõe-se garimpar o despertar consciencial das pessoas.

 

Klinger Sobreira de Almeida – Militar Veterano/PMMG

Membro Efetivo-Fundador ALJGR

 

Triênio 2022-2024

Coronel PM Ailton Cirilo 

Coronel PM Rosângela Freitas

Major BM Nivaldo Soares

 

AOPMBM presente, cuidando de sua gente. 

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